domingo, 9 de junho de 2013

John, o arrasa corações

Já lhe falei sobre o John?
John trabalhava na firma em meados da década de 80 - até hoje não sei muito bem se ele era funcionário do comercial ou da redação.
A verdade é que estava sempre por lá; ele e aquele sorriso.

A presença de John, que em um primeiro momento foi discreta e silenciosa, em poucas semanas se transformou em frisson e, dois ou três meses depois, virou uma verdadeira guerra.

Nossas antepassadas que queimaram seus sutiãs que nos desculpem. Ou, talvez, nos aplaudam, pois nós o queríamos a todo custo, seja pra usufruí-lo, apresentá-lo à família ou apenas ganhar a briga.

John era, sem dúvidas, um sujeito interessante. Era moreno, alto, cara de homem, mas com a malemolência dos seus 30 anos. O cabelo era curto, penteado para trás, o que o deixava com a cara mais sexy ainda. Ele tinha lindos dentes e fazia uso disto constantemente.
Cada dia com uma camisa nova, seu estilo era casual, mas escolhido atentamente. Charmoso, gato, gostoso e, o melhor de tudo, SOLTEIRO!

Você pode não entender, mas o fato é que a característica mais interessante de John era seu estado civil, o resto era presente dos céus!
Solteiro e cercado por 12 mulheres loucas à procura de um amor.
Pobre John, estaria mais seguro em uma jaula de leões.

É importante salientar que nosso muso não era tão inocente assim. Rapidamente percebeu a situação e tomou vantagem!
Era cafézinho com uma, ajuda para a outra, almoços com a terceira. Enquanto isso, o clima de tensão se instalava, amigas já não contavam seus segredos, declaramos guerra.

A hostilidade se tornou frequente e o departamento pessoal mandou tirar todos os tapetes da sala na expectativa de que uma parasse de puxar o da outra. Tudo em vão.

O começo do gran finale foi em um encontro após o trabalho.
Em qualquer outra situação seria um motivo para falar mal do chefe, tomar cerveja e fazer comentários maldosos sobre os vestidos das meninas do RH. Não naquela noite!

Guerreira por guerreira, fomos chegando ao bar. Todas, obviamente, passamos em casa para trocar de roupa (e de lingerie. A esperança é a última que morre!). A cada cadeira ocupada, a do lado era reservada discretamente para John.

As horas passavam no mesmo ritmo acelerado em que a cerveja entrava e saía dos copos. Mas cedo ou tarde John teria que chegar. Ele prometeu que daria uma passadinha...

Horas depois, 12 caras cansadas foram ilumidas por uma luz que invadiu o bar. John chegou.
Meu Deus! Eu já disse que ele era absurdamente gato!?
Naquele momento todas nos recompomos, colocamos o melhor sorriso nos lábios e partimos para a batalha. Era gargalhada pra cá, mão no cabelo pra lá, papo sério, papo tosco. Cada uma tinha sua estratégia.

A medida em que as horas passavam, fomos cansando, nos desesperando. Aos poucos, uma a uma, como se tivéssemos perdido uma prova de resistência física.
Mas nem mesmo a concorrente mais resistente levou o prêmio final. Ninguém levou John para casa.

Nem para lugar nenhum. No início da manhã seguinte, já prontas para a próxima batalha, soubemos da novidade.
John acabara de ser transferido para a sucursal da empresa em outro estado. Era o mesmo que ouvir uma sentença de morte. John morreu e levou consigo 12 expectativas.

Ainda em luto, durante o almoço, a Candinha, uma das candidatas, ergueu a bandeira branca e dividiu conosco uma informação obtida extra oficialmente: John já tinha um substituto. Murilo era o nome dele. E adivinha? SOLTEIRO.
Armas ao punho.

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